miércoles, 18 de septiembre de 2019

Mesmo longe, lutamos pelo Brasil

Um breve relato sobre a manifestação "Lute pela Amazônia" realizada em Barcelona no dia 7 de setembro pelo grupo de mulheres brasileiras que lutam contra o fascismo em Barcelona

O ato “Lute pela Amazônia”, convocado pelo coletivo Mulheres Brasileiras Contra o Fascismo, estava previsto para começar às 18h. Algumas companheiras já estavam ali, quando cheguei às 17h30. Para mim, foi a primeira experiencia apoiando mais diretamente o coletivo, que eu conhecia de já haver ido a outras manifestações, como quando do assassinato de Marielle Franco e da manifestação do Elenao! contra a eleição de Jair Bolsonaro. Dessa vez, 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, estava ao lado de delas de novo, na mesma praça, agora protestando contra outro absurdo: as queimadas propositais na Amazônia que seguem até hoje, desde que “o dia do fogo” foi convocado por fazendeiros locais. 

A praça estava toda tomada por andaimes dos palcos que estavam sendo construídos para as celebrações do Dia Nacional da Catalunha, no dia 11. Pensei por um instante que não íamos ter como organizar o ato por falta de espaço, já que por ali também circulam um enorme número de turistas. Mas um lugar junto às obras foi encontrado e as meninas rapidamente começaram a fazer a manifestação acontecer, espalhando cartazes para todos os lados, com uma faixa enorme do coletivo na parte central. 




Como brasileira há um ano e sete meses longe de casa, e ativista contra todo o tipo de opressão há muitos anos, é bom experimentar essa cumplicidade entre pessoas tão seguras da justeza da causa que as levaram até ali. Ao meu lado, mulheres brasileiras de várias regiões do país, com suas identidades e sotaques próprios. Lembro que Dai chegou comentar que lhe custava vestir a cor da roupa escolhida para a manifestação – preta, em contraste ao verde amarelo pedido por Bolsonaro. E sorridente explicou que, como era sábado, a sua orixá exigia outra cor. Brasis estavam, seguramente, representados naquele espaço, e denunciando, na gringa, uma situação de extrema violência extrativista que ainda não acabou, como ainda chegam os relatos diretamente do Brasil.


A manifestação começou quase que pontualmente às 18h. Dai Sombra, Rose Lopes, Gabriela Marques e Gabriela Sarmet, conduziram. As meninas seguram qualquer apresentação. São carismáticas, empáticas e coordenadas. Leram o manifesto do ato em espanhol e português – e chamaram as falas dos manifestantes e das entidades de apoio. 


"Estamos vivendo uma tragédia ambiental sem precedentes. Os incêndios, que estão arrasando a floresta amazônica há cerca de um mês, têm um forte impacto, principalmente, sobre a biodiversidade e a vida das populações locais, como as indígenas, seriamente ameaçadas. Além disso, segundo especialistas, poderão causar mudanças climáticas irreversíveis em todo o mundo."

(Trecho do manifesto Lute Pela Amazônia, lido em português por Gabriela Marques e em espanhol por Gabriela Sarmet)

O manifesto teve a adesão de 25 entidades e coletivos. Em seu final, faz uma convocatória clara a todos os europeus, para que não tolerarem mais as bravatas da extrema direita, na figura "de um presidente totalmente despreparado", e que se acabe com o consumismo desenfreado nos países enriquecidos. Muita gente estava atenta e entendeu o sinal.


Em seguida à leitura do manifesto, a integrante do MBCF e deputada pelo partido Esquerda Republicana Catalã (ERC), Maria Dantas, explicou em catalão que queria se dirigir, naquele momento, aos brasileiros que ainda apoiam o governo Bolsonaro e leu um texto de Davi Lima Verde, que dizia que os apoiadores serão lembrados não só como aqueles que legitimaram ações racistas, homofóbicas, misóginas e contra os direitos humanos, mas também "como quem compactou com o assassinato e sofrimento dos povos da Amazônia". O recado do grupo estava claramente dado. Definitamente, era a único possível para o 7 de setembro de 2019. 


Algumas organizações enviaram representantes que falaram ao público, manifestaram preocupação e solidariedade à situação do Brasil, como o coletivo Brasil-Catalunya, os partidos catalães da CUP, Esquerra Republicana e o Partido Socialista, além da Fundação de Ajuda e Promoção às Culturas Indígenas. Companheiros da Bolívia também contaram sobre os incêndios na amazônia boliviana. A força da floresta é tão grande que inspira depoimentos assim e vai além do interesse dos grupos organizados. Muitos dos que estavam na manifestação eram brasileiros assustados com a proporção que os incêndios tomaram, sem contar o sem número de curiosos que paravam para escutar o que se falava. O ato mostrou que, sim, a denuncia internacional é parte do processo de mudança, seja ele rápido ou não.





Às demais manifestantes do coletivos que não falaram coube um trabalho de bastidor fundamental: toda a manifestação foi registrada em vídeo e uma faixa composta especialmente para o ato foi segurada, aos pares, ficando visível por mais de duas horas ao público. A mim coube tirar fotos do ato e escrever esse breve relato que espero que anime a mais gente a participar das próximas manifestações. Razões recebemos quase que diariamente do irrefreável e autointulado Capitão Motosserra. Ojalá pressões como essas ajudem a dar outro destino à Amazônia e ao Brasil.







Aline Bonacin, ativista contra as opressões.



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